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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Um conto moçambicano: A Menina que não falava

Uma machamba em Matola, Moçambique


Hoje temos para ler um conto tradicional de Moçambique, meninos e meninas. E vejam em cima e em baixo o que é uma machamba nesse país.


A Menina que não falava

Certo dia, um rapaz viu uma rapariga muito bonita e apaixonou-se por ela. Como se queria casar com ela, no outro dia, foi ter com os pais da rapariga para tratar do assunto.

- Essa nossa filha não fala. Caso consigas fazê-la falar, podes casar com ela, responderam os pais da rapariga.

O rapaz aproximou-se da menina e começou a fazer-lhe várias perguntas, a contar coisas engraçadas, bem como a insultá-la, mas a miúda não chegou a rir e não pronunciou uma só palavra. O rapaz desistiu e foi-se embora.

Após este rapaz, seguiram-se outros pretendentes, alguns com muita fortuna mas, ninguém conseguiu fazê-la falar.

O último pretendente era um rapaz sujo, pobre e insignificante. Apareceu junto dos pais da rapariga dizendo que queria casar com ela, ao que os pais responderam:

- Se já várias pessoas apresentáveis e com muito dinheiro não conseguiram fazê-la falar, tu é que vais conseguir? Nem penses nisso!

O rapaz insistiu e pediu que o deixassem tentar a sorte. Por fim, os pais acederam. O rapaz pediu à rapariga para irem à sua machamba, para esta o ajudar a sachar. A machamba estava carregada de muito milho e amendoim e o rapaz começou a sachá-los.

Depois de muito trabalho, a menina ao ver que o rapaz estava a acabar com os seus produtos, perguntou-lhe:

- O que estás a fazer?

O rapaz começou a rir e, por fim, disse para regressarem a casa para junto dos pais dela e acabarem de uma vez com a questão.

Quando aí chegaram, o rapaz contou o que se tinha passado na machamba. A questão foi discutida pelos anciãos da aldeia e organizou-se um grande casamento.


machamba
s. f.
1. [Moçambique] Plantação agrícola. = HORTA
2. [Moçambique] Propriedade agrícola. = HERDADE, QUINTA



1 comentário:

Unknown disse...

Ficamos com sede desta historias do fundo de quintal em redor da lareira, contadas pelos nossos mais velhos degustando uma batata doce assada. Foi assim que aprendemos a respeitar os valores éticos e morais do nosso povo. Não nos queixávamos pela inexistência da Televisão ou dos outros órgãos de comunicação social pois dos sábios velhotes aprendíamos e éramos disciplinados. Hoje não existe momento para o dialogo entre pais e filhos, avós e netos e mais...pois a atenção que deveria ser dada e encaminhada aos programas televisivos e as redes sociais...em fim e a doença do século 21.