Bairro de Alfama e Rio Tejo em Lisboa

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

O Capuchinho Vermelho, por André Caetano.





André Caetano, ilustrador e designer gráfico nascido em Coimbra, é o autor destas ilustrações para o conto do Capuchinho Vermelho que apresentou num concurso de ilustração celebrado na cidade do Barreiro, que fica em frente de Lisboa, do outro lado do Rio Tejo.

O Capuchinho Vermelho fica um pouco longe no tempo para vocês, mas não faz mal (= "no importa"), acho eu. São lindos estes desenhos, não são?

(Aqui, o blogue dele, boredom sketch)
C

O aprendiz de mago


Será que algum desses novos alunos do 1º ano que já estudaram português na escola básica se anima a tentar ler este conto?


O APRENDIZ DE MAGO

Um homem de grandes artes tinha (= "tenía") na sua companhia um sobrinho, que lhe guardava a casa quando precisava sair. De uma vez deu-lhe duas chaves, e disse:

– Estas chaves são daquelas duas portas; não mas abras por cousa nenhuma do mundo, senão morres (si no, mueres").

O rapaz, assim que se viu só, não se lembrou ("no se acordó") mais da ameaça e abriu uma das portas. Apenas viu um campo escuro e um lobo que vinha correndo para arremeter contra ele. Fechou a porta a toda a pressa passado de medo. Daí a pouco chegou o Mago:

– Desgraçado! para que me abriste aquela porta, tendo-te avisado que perderias a vida?

O rapaz tais choros fez que o Mago lhe perdoou. De outra vez saiu o tio e fez-lhe a mesma recomendação. Não ia (= iba") muito longe, quando o sobrinho deu volta à chave da outra porta, e apenas viu uma campina com um cavalo branco a pastar. Nisto lembrou-se da ameaça do tio e já o sentindo subir pela escada, começou a gritar:

– Ai que agora é que estou perdido!

O cavalo branco falou-lhe ("le habló"):

– Apanha desse chão um ramo, uma pedra e um punhado de areia, e monta já quanto antes em mim.

Palavras não eram ditas, o Mago abriu a porta da casa: o rapaz salta para cima do cavalo branco e grita:

– Foge! que aí chega o meu tio para me matar.

O cavalo branco correu pelos ares fora; mas indo lá muito longe, o rapaz torna a gritar:

– Corre! que meu tio já me apanha para me matar.

O cavalo branco correu mais, e quando o Mago estava quase a apanhá-los, disse para o rapaz:

– Deita fora (= "Tira") o ramo.

Fez-se logo ali uma floresta ("un bosque") muito fechada, e, enquanto o Mago abria caminho por ela, puseram-se muito longe. Ainda o rapaz tornou outra vez a gritar:

– Corre! que já aí está meu tio, que me vai matar.

Disse o cavalo branco:

– Bota fora a pedra.

Logo ali se levantou uma grande serra cheia de penedias, que o Mago teve de subir, enquanto eles avançavam caminho. Mais adiante, grita o rapaz:

– Corre, que meu tio agarra-nos.

– Pois atira ao vento o punhado de areia, disse-lhe o cavalo branco.

Apareceu logo ali um mar sem fim, que o Mago não pôde atravessar. Foram dar a uma terra onde se estavam fazendo muitos prantos ("llorando mucho"). O cavalo branco ali largou o rapaz e disse-lhe que quando se visse em grandes trabalhos por ele chamasse mas que nunca dissesse como viera ter ali ("cómo había llegado allí"). O rapaz foi andando e perguntou por quem eram aqueles grandes prantos.

– É porque a filha do rei foi roubada por um gigante que vive em uma ilha aonde ninguém pode chegar.

– Pois eu sou capaz de ir lá.

Foram dizê-lo ao rei; o rei obrigou-o com pena de morte a cumprir o que dissera ("lo que había dicho"). O rapaz valeu-se do cavalo branco, e conseguiu ir à ilha trazendo de lá a princesa, porque apanhara o gigante dormindo.

A princesa assim que chegou ao palácio não parava de chorar. Perguntou-lhe o rei:

– Porque choras tanto, minha filha?

– Choro porque perdi o meu anel que me tinha dado a fada minha madrinha e, enquanto o não tornar a achar ("mientras no vuelva a encontrarlo"), estou sujeita a ser roubada outra vez ou ficar para sempre encantada. O rei mandou lançar o pregão em como dava a mão da princesa a quem achasse o anel que ela tinha perdido. O rapaz chamou o cavalo branco, que lhe trouxe do fundo do mar o anel, mas o rei não lhe queria já dar a mão da princesa; porém ela é que declarou que casaria com o jovem para que dissessem sempre: Palavra de rei não torna atrás.


Um gif animado


Não é português, nem brasileiro, nem... É espanhol, mas eu queria que vocês vissem este gif animado de Emilio Gomáriz.




quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Os verdadeiros amigos (Gilmar Fraga)

O ilustrador e caricaturista brasileiro Gilmar Fraga é um velho amigo dos blogues desta escola. Já foram publicadas neles várias das suas obras.

Eu suponho que aqueles alunos "futebolistas" vão gostar mais deste desenho, não vão?  De toda as maneiras, é bonito. As meninas gostam?

(Esta ilustração foi feita para a coluna de David Coimbra, caderno de Esportes, no jornal Zero Hora de Porto Alegre. Publicada em 24 de setembro de 2011. Digital)


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Outra vez: "pouca terra, pouca terra..."

Um comboio em Angola (1969)

Vocês não sabem o que é exatamente pouca terra, pouca terra... em português. Vimo-lo aqui, quando ainda não estavam nesta escola. Agora encontrei um excerto de um romance do escritor angolano José Eduardo Agualusa em que aparece esta onomatopeia. Mas antes, vamos clicar no link.


Um profundo clamor de metais arrancou-me à leitura. Não me tinha dado conta de que a estrada corria paralela ao camino-de-ferro. O comboio passou, muito devagar, pouca-terra, pouca-terra, pouca-terra, num longo queixume de seda e fumo. Um homem moreno, bronzeado, numa das janelas do vagão-restaurante, acenou para mim. Ergui a mão e retribuí o aceno.




segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Dois poemas de Eugénio de Andrade

Fonte entre a Portagem e Marvão, muito perto da fronteira espanhola

O poeta português Eugénio de Andrade já esteve aqui com um poema intitulado Frutos (podem clicar no linque).

A avó materna dele nasceu em Espanha: em Valverde del Fresno, povoação da província de Cáceres. Será que Canção infantil foi escrita a pensar em Valverde? Não sabemos, mas tanto faz. Podem ver em baixo uma fotografia da aldeia com as montanhas da Serra de Gata por trás.




A UMA FONTE

Fonte pura, fonte fria...
(Onde vais, minha canção?)
Fonte pura..., assim queria
que fosse meu coração:
fluir na noite e no dia
sem se desprender do chão.


CANÇÃO INFANTIL

Era um amieiro.
Depois uma azenha.
E junto
um ribeiro.

Tudo tão parado.
Que devia fazer?
Meti tudo no bolso
para os não perder.



Nota. O amieiro é uma árvore que nós chamamos aliso em espanhol. A azenha é um moinho de roda movido por água (em espanhol, aceña) e o ribeiro é um arroyo.



Valverde del Fresno, na Sierra de Gata


sábado, 24 de setembro de 2011

Os Açores, ilha a ilha (1) - Corvo

Ilha do Corvo, onde se pode distinguir a unica povoação, Vila do Corvo
(Fotografia de Neil King)


A ilha do Corvo é um vulcão extinto, e esta é a cratera, ou Caldeirão (Fotografia de Neil King)


A única localidade da mais pequena ilha dos Açores Vila do Corvo, com apenas cerca de 450 habitantes, vendo-se a ilha das Flores ao fundo (Fotografia de Francisco M. S. Botelho)


A ilha do Corvo é a menor das ilhas do Arquipélago dos Açores, localizando-se no Grupo Ocidental, a norte da Ilha das Flores.A ela corresponde territorialmente o município do Corvo.

A ilha ocupa uma superfície total de 17,13 km², com 6,5 km de comprimento (= "largo") por 4 km de largura ("anchura").






sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Mais uma vez: o arquipélago dos Açores


Já vimos aqui uma mensagem sobre o arquipélago dos Açores. Vamos recordar que é um território autónomo que faz parte da República Portuguesa e que fica, mais ou menos, a meio do oceano Atlântico, entre Europa e América.

O arquipélago dos Açores é constituído por nove ilhas principais divididas em três grupos distintos:

  • Grupo Ocidental : Corvo, Flores
  • Grupo Central : Faial, Graciosa, Pico, São Jorge, Terceira
  •  Grupo Oriental : Santa Maria, São Miguel

Gostava de vos mostrar fotografias de todas as ilhas como vos prometi naquela mensagem. Vou começar pela ilha de Corvo, amanhã, sábado, e depois, aos poucos, poderão ver fotografias de todas as outras: Flores, Faial, Graciosa, Pico, São Jorge, Terceira, Santa Maria e São Miguel; bonitos postais da terra portuguesa dos Açores.

Por enquanto (= "por ahora"), reparem no mapa em baixo, do século XVI. É lindo, não é?


 Primeiro mapa dos Açores com todas as ilhas do Arquipélago por Abraham Ortelius
e Luís Teixeira (1584)

(Fonte dos dados e dos mapas: Wikipédia)


terça-feira, 20 de setembro de 2011

Festas do Povo em Campo Maior - 2011

Fotografia de Nuno F. Silva

Fotografia de Nuno F. Silva

Depois da chuva... (Fotografia de Sonia y Juan Carlos)

Festas do Povo em Campo Maior em 1930

Depois de sete anos voltaram as Festas do Povo a Campo Maior, a "Festa das Flores" (milhares e milhares e milhares de flores coloridas!).

Estas festas decorreram de 27 de agosto a 4 de setembro. Eu estive no dia 30 de agosto e gostei imenso. Ainda não arranjei tempo para fazer uma seleção das fotografias que lá tirei para publicar no blogue. Por enquanto, vão estas fotografias que encontrei na rede. Reparem nesta última do ano 1930!

Neste ano houve 104 ruas decoradas, que superam as 86 de 2004, um número impressionante que evidencia a vitalidade das Festas e o entusiasmo das Gentes de Campo Maior. Mais de 23 toneladas de papel foram utilizadas nesta edição, onde cada rua define um tema e trabalha a decoração em segredo, uma dedicação que reune 8 000 voluntários

As últimas Festas do Povo tiveram lugar em 2004 e levaram a Campo Maior, de acordo com um estudo elaborado pela Universidade de Évora, cerca de 2 milhões de pessoas, vindas de todo o país, da vizinha Espanha, da comunidade emigrante e até mesmo de outros países europeus.

(Mais dados aqui)


sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Três ilusões de ótica

Eis algumas ilusões de ótica para vocês comprovarem como somos enganados pelos nossos olhos. Reparem:


 

 




O sal e a água




Alguém se anima a ler este conto popular português intitulado O sal e a água? Reparem que a palavra sal é masculina em português: o sal.



O SAL E A ÁGUA

Um rei tinha três filhas; perguntou a cada uma delas por sua vez, qual era a mais sua amiga. A mais velha respondeu:

– Quero mais a meu pai, do que à luz do Sol.

Respondeu a do meio:

– Gosto mais de meu pai do que de mim mesma.

A mais moça respondeu:

– Quero-lhe tanto, como a comida quer o sal.

O rei entendeu por isto que a filha mais nova o não amava tanto como as outras, e pô-la fora do palácio. Ela foi muito triste por esse mundo, e chegou ao palácio de um rei, e aí se ofereceu para ser cozinheira. Um dia veio à mesa um pastel muito bem feito, e o rei ao parti-lo achou dentro um anel muito pequeno, e de grande preço. Perguntou a todas as damas da corte de quem seria aquele anel. Todas quiseram ver se o anel lhes servia: foi passando, até que foi chamada a cozinheira, e só a ela é que o anel servia. O príncipe viu isto e ficou logo apaixonado por ela, pensando que era de família de nobreza.

Começou então a espreitá-la, porque ela só cozinhava às escondidas, e viu-a vestida com trajos de princesa. Foi chamar o rei seu pai e ambos viram o caso. O rei deu licença ao filho para casar com ela, mas a menina tirou por condição que queria cozinhar pela sua mão o jantar do dia da boda. Para as festas de noivado convidou-se o rei que tinha três filhas, e que pusera fora de casa a mais nova. A princesa cozinhou o jantar, mas nos manjares que haviam de ser postos ao rei seu pai não botou sal de propósito. Todos comiam com vontade, mas só o rei convidado é que não comia. Por fim perguntou-lhe o dono da casa, porque é que o rei não comia? Respondeu ele, não sabendo que assistia ao casamento da filha:

– É porque a comida não tem sal.

O pai do noivo fingiu-se raivoso, e mandou que a cozinheira viesse ali dizer porque é que não tinha botado sal na comida. Veio então a menina vestida de princesa, mas assim que o pai a viu, conheceu-a logo, e confessou ali a sua culpa, por não ter percebido quanto era amado por sua filha, que lhe tinha dito, que lhe queria tanto como a comida quer o sal, e que depois de sofrer tanto nunca se queixara da injustiça de seu pai.



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Bem-vinda toda a gente!


É assim, meninos e meninas. Mais uma vez cá estamos no início de um novo ano letivo: 2011-2012. Bem-vinda toda a gente (= "Bienvenido todo el mundo"): os alunos do 2º ano, que já aprenderam alguma coisa de português no ano passado, não é?, e especialmente todos os alunos das 4 turmas (!) que neste ano iniciam a sua aprendizagem do português na nossa Escola.

Espero que os novos alunos visitem este blogue, que é o blogue dos dois primeiros anos da ESO, e aprendam muito com ele. Vejám só, já podem começar a aprender. Leiam o que se pode ler cá em baixo: eu vou, quer dizer, "yo voy", que podemos aproveitar para fazer uma frase simples ("sencilla"):


Eu vou aprender muitas coisas neste ano.